Na passada terça feira o João Maria teve a sua primeira visita de estudo que teve como destino a Quinta Pedagógica dos Olivais. Foi uma manhã como as outras, cheia de correrias para vestir, calçar e tomar pequenos almoços, mas também com um entusiasmo e um nervoso miudinho pois ia andar de autocarro ou, segundo ele, "autocago"! Ia ver os bichos todos e, à semelhança da visita ao Zoo, desta vez é que iam lá estar os dinossauros... coitado, ainda não foi desta!
Bem, o dia lá se passou, e eis que às 5 da tarde toca o meu telemóvel... era do colégio! Naquele meio segundo que levamos a atender o telefone pensamos em tudo, desde febres a cabeças partidas... mas não! Estava tudo bem e era apenas para me avisarem que o João tinha deixado a sua chucha na famosa árvore das chuchas!!!! A chucha? A sua tão amada chucha? A sua chuchinha? NÃÃÃOOO!!
Ao que parece, a educadora resolveu explicar qual era o propósito daquela árvore que tinha tanto de estranha como de engraçada. Não é uma árvore que dá chuchas, mas sim uma árvore que tira chuchas. No meio de toda a turma, ele achou que seria de um tremendo heroísmo e de uma enorme coragem deixar lá a sua chucha!
Mas toda essa coragem se foi assim que entrou no carro. Quando percebeu que a dita cuja tinha desaparecido para todo o sempre, foi berreiro na certa! Os 20 minutos que se seguiram apenas podem ser compreendidos por mães e pais que já tenham passado pelo mesmo tormento. Sim, tormento! Pois o sofrimento não foi só dele... senão, vejamos: nós os quatro dentro do carro, no trânsito da segunda circular, de janelas fechadas para não incomodar a música dos vizinhos automobilistas (ou para evitar que chamassem a polícia, por maus tratos ao meu filho) e o moço berrava de tal forma que parecia que o matavam. Claro que o Manelito dormia a sono solto, mas eu e o pai estávamos a desesperar e só nos apetecia dar-lhe a chucha. MAS NÃO!!! Não podia ceder... era a oportunidade perfeita (só não era perfeito que fosse 3ª feira) para ele deixar aquele acessório que já saiu de moda há muito tempo! E então lembrei-me... "E se formos jantar ao McDonald's???" Aaaaahhhhh que mente brilhante tem esta mãe!!! O até então lavado em lágrimas João, limpou a cara com as costas das mãos e disse: "HÃ??? McDonald's? Boa!! Vai depéxa mãe! MAIS DEPÉÉÉXAAA!"
E eu só não passei por cima de todos os carros porque o meu (ainda) não tem asas. Não entendo porque raio falam tão mal do McDonald's, pois aqui se provam as suas propriedades medicinais.
Lá fomos ao jantar do consolo! Serve para tudo... desgostos amorosos, falta de tempo, subornos aos filhos e arrependimentos após atos heróicos!
Acreditem que eu sei, pois o jantar correu lindamente. Após isto, o serão foi um pouco atribulado, sempre com pergunta "a minha chucha?" em repeat. O João Pestana foi chegando e as distrações para não dormir iam aumentando. Ora era xixi, ora era bolacha, ora era um bocadinho de água, ora era mais xixi... uuuuffff, correria. E quando finalmente as pestanas acharam que já não aguentavam mais tempo abertas... volta o pranto! Agora sim, com direito a lágrimas gigantes a cair de par em par e soluços que quase não o deixavam respirar.
Ele sabia que era o fim, que se a chucha não aparecesse agora, não apareceria mais. E assim foi. Adormeceu de cansaço, ainda a soluçar, deitado nas minhas pernas e a receber festinhas, pois mais do que precisar da chucha ele precisava de mimo! Foi duro, doloroso para os dois, chorou ele e chorei eu, e foi longo! Foi até à uma e meia da manhã. Mas já está! Agora é sempre a melhorar, pois ontem ainda pediu algumas vezes, mas já não chorou.
Além disso, fiz-lhe uns autocolantes com o homem aranha que dizem "Já não tenho chucha" e vaidoso como ele é, adora exibir o autocolante na camisola pelo colégio inteiro.
Sabem uma coisa? Ele sofreu muito... mas eu sofri ainda mais!
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